sábado, junho 26, 2010

caixa de música

 fotografia por: daniela rosa @

Olho para ela, curiosa, inquieta para espreitar o seu interior. Parece pequena, um tanto achatada, e velha. Mas que posso eu fazer? A curiosidade sempre fez parte de mim e eu, sinceramente, nunca tento contê-la... Opto antes por matá-la, simplesmente. Abro-a, com cuidado, para não a quebrar e, de súbito, uma melodia melancólica e pautada soa; e, dentro daquela caixinha, surgem dois dançarinos, que bailam em voltas, sem nunca parar. Fiquei a olhá-los: o menino, de preto, parecia concentrar-se na música envolvente. A menina, por outro lado, de vestido vermelho, sorria distraidamente. Ambas as suas mãos uniam-se num nó, tornando-os numa espécie de união perfeita... Como se aquele mundo pequeníssimo, donde só faziam parte eles os dois, fosse mais que suficiente. Nunca falhavam nenhum passo. Nunca paravam de sorrir. E, naquele momento, desejei ser aquela dançarina. Desejei sentir-me bem, como ela se deveria estar a sentir. Desejei ter um mundo assim... Pequeno, mas que me fizesse sentir grande - e não o contrário. Porém, subitamente, ouvi o chamar da minha mãe e, assim, fechei a caixa. Perguntei-me se ao fechá-la, eles parariam de dançar, tal como a melodia. Mas não havia maneira de saber. Mas uma coisa é certa... Com certeza que continuariam unidos e sorridentes, mesmo que em silêncio e no meio da imensa escuridão.

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