terça-feira, janeiro 11, 2011

Miguel Esteves Cardoso, "As Minhas Aventuras na República Portuguesa".

fotografia por: emanuela teixeira @

"Começar é fácil. Acabar é mais fácil ainda. Chega-se sempre à primeira frase, (…) ao primeiro mês de amor. Cada começo é uma mudança e o coração humano vicia-se em mudar. Vicia-se na novidade do arranque, do início, da inauguração, da primeira linha da página branca, da luz e do barulho das portas a abrir.

Começar é fácil. Acabar é mais fácil ainda. Por isso respeito estas acções cada vez menos. Aprendi que o mais natural é criar e o mais difícil de tudo é continuar. A actividade que eu mais respeito e amo é a actividade de manter. Hoje, quase tudo se resume a começos e a encerramentos. Arranca-se com qualquer coisa, de qualquer maneira, com todo o aparato. À mínima "comichão", (…) perde-se o prosseguimento, a perseverança e cai-se no esquecimento. Nem damos pela Morte.

É por isso que hoje respeito mais os continuadores que os criadores. Criadores não nos faltam! Faltam-nos continuadores! Heróis não nos faltam, faltam-nos guardiões.

É como no Amor. (…) Qualquer palerma se apaixona, mas é preciso paciência para fazer perdurar uma paixão. O esforço de fazer continuar no tempo as coisas que se julgam boas - seja o amor, seja a amizade - é o que distingue os seres humanos."

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