terça-feira, junho 28, 2011

my heart is an empty room II


Sozinha na noite, respiro o vazio. E fico, então, bloqueada a observar o nada e o tudo defronte a mim. As horas passam, sorrateiras, sem eu sequer dar por elas. Mas para quê? O relógio não me serve de nada aqui… O quarto está deserto e nada se move. Outrora um antro de alegria e paixão, que agora não passa de uma velha e poeirenta caixinha de recordações. Os passos marcados no tapete, as roupas esquecidas no fundo do guarda-fato, o cheiro impregnado por toda a almofada, a cama desfeita. Tudo exactamente como foi deixado, há tanto tempo atrás (até já perdi a conta dos dias!). E, no entanto, parece que foi ontem. Ainda me lembro tão bem do eco dos risos, dos gritos e das confissões, por entre estas quatro paredes; o sabor doce dos beijos e das lágrimas; o cheiro de cada saudação e de cada despedida. Tal como me recordo, ainda, de todas as canções e de todas as sensações, uma a uma: desde a primeira, até à última. Foi tudo e só isto que se manteve, face ao efeito erosivo do Tempo. E eu vou vivendo com isso, mesmo que doa; mesmo que aleije. Continuo a pisar o mesmo tapete, a abrir o mesmo guarda-fato, a deitar-me na mesma cama e a entrar/sair pela mesma porta. Se isso faz de mim masoquista? Não. Faz de mim alguém forte, ao ponto de conseguir encarar tudo isto, dia após dia. Um dia tornar-me-ei imune; à prova de bala. Um dia, sairei daqui, e deixarei todas estas coisas para trás: e o melhor de tudo é que não vou (mais) sentir a falta delas.

Sim, eu acredito em mim. Isso basta-me.
Porque antes de provar aos outros aquilo que sou, há que provar a mim mesma, primeiro.

Sem comentários:

Enviar um comentário