E lá se iam passando os dias… comigo, sempre do teu lado, feita pedra, quando, na verdade, era mais um castelo em ruínas perto de desmoronar. (…)
E eu continuo a achar o Amor Não Correspondido uma das coisas mais irónicas que encontramos nessa vida. Envolve sempre duas pessoas que, façam o que fizerem, acabam por sair (ambas) magoadas, de formas diferentes, por algo que, no fundo, nenhuma delas tem alguma culpa; e nenhuma delas pode sequer controlar o que quer que seja.
Amar-te, assim, como eu te amo, é quase que uma espécie de tortura. Primeiro, porque o bater do meu coração, que insistentemente bate por ti, é inteiramente contra a minha vontade. Segundo, porque, a juntar a isso, ainda tenho de lidar com a mais dura realidade de que… tu nunca me olharás como eu te vejo. E isso magoa-me. Tu magoas-me. Ao dar por mim, estou repleta de mágoas até aos ouvidos, que quase me sufocam; que quase me aproximam de morrer.
E depois, lá estás tu. A ter de saber tudo isto e sem poder fazer nada para o alterar. Porque, da mesma maneira que eu não sou capaz de fechar-te fora do meu peito, tu também não consegues simplesmente enfiar-me no teu coração. O amor não funciona assim… É tão incontrolável como o sabor do Vento. E acho que está na altura de eu simplesmente aceitar isso e seguir caminho.
Comigo, levo um coração cicatrizado e ainda com feridas meias abertas, a rodeá-lo como veneno. Um coração que, apesar de tudo, sempre esteve disposto a esperar, a lutar… mesmo que o matasse. Um coração que, ainda hoje, quiçá, acredita que poderia ter feito mais. Mas a música acabou, e eu varri-me de forças para continuar a cantar sozinha… ainda por cima uma melodia que tu simplesmente não consegues ouvir. E nunca conseguirás. Este amor é assim.
E aí está a ironia do Amor Não Correspondido…
Está condenado, ainda antes de sequer começar.