sexta-feira, abril 26, 2013

Como saber se se seguiu em frente?


Eu e tu. Nós começámos como estranhos. Dois completos estranhos. Duas vidas completamente aparte.  E não é sempre assim que se começa? (...) 
De alguma forma, o Destino, ou outra força qualquer, acharam os nossos caminhos dignos de se cruzarem. E foi aí, então, que, nem sabendo eu bem porquê, sentei-me do teu lado. E falámos. E respirámos. Trocámos pensamentos e filosofias ao sabor de uma noite, que parecia ser como outra qualquer... Mal sabia eu. Mal sabias tu. De momento a momento, e com o passar dos dias, já não eras mais um estranho. Eras mais. Mas o quê? Nem hoje; nem depois de já teres partido, consigo responder a isso mesmo. 
Em pouco tempo - mais do que seria de esperar, e menos do que sequer me lembro -, fundimo-nos de tal maneira na Vida um do outro, que já me custava lembrar-me de mim sem ti. É incrível, sabiam? Como o Tempo é tão escasso, tão imperativo, tão-tudo... mas pode parecer tão insignificante, ao encontrarmos alguém assim. Assim como tu. E por mais que te tente descrever, e por mais que queira, não o consigo fazer. (...) 
Começámos como estranhos. Completos estranhos. E acabámos da mesma maneira. Dois completos estranhos. Com duas vidas completamente aparte. A diferença está no que vivemos juntos, dentro de paredes tingidas por segredos, por melodias de embalar, por beijos humedecidos de dúvidas. A diferença está naquilo que temos guardado connosco, em ambas as nossas memórias; e nas cicatrizes, ainda visíveis, que deixámos espalhadas um no outro. E isso não se perde. Raramente se perde. Aliás... É a única coisa que ficou e que fica. Que ficará.

Mas como saber? Como saber como se seguiu em frente? Apesar de tudo o que se passou?
É olhar para ti. É ver-te chegar, ao longe. É ouvir o som da tua voz. É sentir o teu cheiro a manhãs de Invernos, misturadas com o aroma a cigarros e a café. É percepcionar todas estas coisas e perguntar-me, apenas: "Mas o que é que eu vi em ti? E porque é que eu sequer pensei que serias tu o merecedor de mim? Não faz mais sentido.

Eu não te amo a ti, agora. Eu amo a pessoa de lá atrás. E dessa, eu despedi-me há muito. 
Portanto, percebe... Estás realmente a amar uma pessoa, ou a ideia passada de alguém?

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