quarta-feira, maio 29, 2013

Adeus, Amor que ficou por acabar.


Estou a caminho da tua porta, meu velho amor. Mas, desta vez, não vou para passar aí a noite; não vou para perder-me na tua cama desbotada, como os sonhos que nela inventámos, naquelas noites tímidas e quentes de Verão. Estou aqui, para despedir-me de ti e para partir... E, pela primeira vez, meu velho amor, não será para voltar. 

Lembro-me de estarmos tão apaixonados um pelo outro. Das músicas que pareciam escritas para nós. Do sol a queimar a nossa pele salgada, nas tardes que passávamos juntos, a sós, com o som do mar a embalar-nos. Dos beijos que tanto roubávamos, uma e outra vez, um ao outro, simplesmente porque nem mil pareciam saciar-nos por completo. E lembras-te da nossa primeira discussão? Lembras-me da primeira vez que, ao me veres chorar, esqueceste-te inteiramente do que discutíamos? Lembras-te da primeira vez que me fechaste a porta? Da segunda? Da terceira? Lembras-te de voltares sempre, com as malas todas feitas, à minha porta, sem nunca me dares justificação? (...)

Agora, quando olho para ti... não vejo nada mais do que memórias do que já lá foi. Saudades do que jamais voltará. Apego por tudo o que éramos. Mágoa pelo que deixámos escapar. Mas não vejo mais Amor. E o Amor, meu querido, onde está? Ele partiu... para não mais voltar. E nós devíamos fazer o mesmo. (...) Está na hora. O Adeus chegou. Não estás a ouvi-lo? 

Costumávamos ter tanto para dar um ao outro. Sempre foras o dono do meu sorriso, a razão do meu desesperar. Agora, ao meter a mão nas algibeiras, não encontro nada... A não ser réstias de um Castelo que, outrora, construímos juntos e que ruiu, por não termos conseguido continuar a lutar. Já lá vai o Tempo em que podíamos ter feito algo para impedir o nosso Fim. Por isso, agora, só nos resta o Adeus. Aquilo que, outrora, era o monstro que mais temíamos... Quem diria? Fomos nós dois que o permitimos chegar.

Fui ao teu encontro de bolsos cheios. Comigo, ao teu encontro, levei tudo aquilo que guardara de ti: as promessas que fizéramos em pequenos, as músicas que me dedicaste, os textos que te escrevi... E voltei a casa de mãos vazias e de coração limpo.

E que uma História nova... finalmente comece. 

2 comentários:

  1. não creio ser capaz de fazer uma coisa dessas, mesmo que só restassem recordações ;)

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  2. é preciso uma grande valentia para enfrentar as memórias que fazem o nosso passado.

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