segunda-feira, maio 06, 2013

(...) porque eu só te vejo a ti.


A cidade está deserta e eu só te vejo a ti. Seguro-te a mão calada, fechada em concha sobre a minha, e pergunto-me... porque é que tudo não pode ser tão simples quanto isso? Sentamo-nos, calados, lado a lado, no banco de jardim, e os carros e as horas vão passando por nós, sem sequer darmos por eles. Porque sempre foi assim. Só te vejo a ti e a ti apenas. Disseste uma piada e eu afogo-me no teu pescoço, às gargalhadas; o meu sorriso esboça-se contra a pele gélida da tua nuca, que cheira a creme de camomila e a chuva primaveril. Parados e em silêncio, apoiados um no outro, como sempre foi, somos arrebatados pela luz da Lua, que até ali nem reparáramos nela. Somos tão egoístas juntos. Só nos vemos um ao outro apenas. Sempre foi assim. O teu braço rodeia-me os ombros e ouço-te respirar... Que magia, essa que te preenche. Sinto-te suspirar e, apesar de nem estar a olhar para ti, imagino-te a sorrir, como sempre o fazes, quando estamos juntos. Eu amo-te. Tu amas-me. E do nosso Amor, somos as únicas testemunhas. E o som do mar e os barulhos da noite, que se misturam connosco em uníssono, numa melodia improvisada com os batimentos dos nossos corações. 
"Desculpa ter-te partido o porta-chaves...", digo-te, quebrando o típico silêncio. 
Se bem que, contigo, nunca foram precisas muitas palavras. 
Pegas na minha mão, que treme ao mais pequeno toque teu, e encosta-la ao teu peito quente. 
"Não partas isto aqui.

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