quinta-feira, junho 27, 2013

Não passas de um amargurado pelo Passado.


Escondes-te atrás de uma máscara de indiferença e insensibilidade, por já te terem magoado tanto antes. Deixas de criar expectativas sobre o que quer que seja, por não aguentares mais com desilusões. Proteges-te por uma muralha impenetrável, que impede qualquer pessoa de se aproximar demasiado de ti, por não quereres que ninguém volte a ter esse poder. Escolhes deixar passar ao lado qualquer oportunidade de algo mais, por achares que nem vale a pena, porque já te cansaste de histórias falhadas. Depois dizes e repetes que não te importas com nada, nem com ninguém, e que estares sozinho e só por ti, é mais que suficiente para seres feliz. Afirmas com convicção que não tens problemas e é melhor assim. Agora, olha à tua volta. Olha para todos os "tolos" - como lhes chamas - apaixonados por aí. Que caem, que se esfolam, mas que, face à noite, adormecem abraçados ao corpo quente de outra pessoa. E tu? Agarras-te a quê? A uma almofada impregnada apenas pelo teu cheiro - pelo teu, e por mais nenhum! E a lençóis desbotados de emoção e de qualquer sentimento tempestuoso, como a tua Vida se tornou. Pensas que te estás a proteger, mas na verdade és só mais alguém com medo. Com medo de se dar. Com medo de arriscar. Com medo de falhar. Com medo de agir. Estás a fugir a tudo o que não controlas - apenas isso. E, assim, vives os teus dias... Sem nada a que te agarrar, a não ser à crença de que, se não deres a chave do teu coração a ninguém, que este se manterá a salvo. Mas sabes que mais? Esse mesmo, que já mal bate dentro do teu peito, está a ganhar pó. E é isso que tu queres para ti? Continuas a dizer que sim, para o silêncio do teu quarto, onde já ninguém entra, há sabe-se-lá quanto tempo. Porque tu o fechaste. Porque tu assim o queres, não é? 

Dizes que estás bem, como nunca antes estiveste. Mas e feliz, estás? Julgas-te muito corajoso, o maior viajante, amante da vida louca e sem quaisquer limites... Errado. És um cobarde que se limita a si mesmo, por não conseguir lidar com o medo de alguma vez voltar a sentir. Voltar a amar. Voltar a dar-se. Voltar a chorar. Voltar a ser ferido. 

Estás a ouvir isto? É silêncio. Tanto no teu quarto, como no teu coração. Vai ficar cada vez mais ensurdecedor, sabias? Pensas que o Amor é o maior assassino, capaz de levar um homem à loucura... Mas sabes a melhor? A Solidão vai ser o teu fim... E tu o único culpado disso mesmo. 

E se ficássemos por aqui?


Obrigada por me teres feito rir, como já ninguém o fazia há muito tempo. E agradeço-te por, ao meu lado, teres criado a história mais peculiar e mais interessante que alguma vez tive... e também a mais curta. Mas, também, desde quando é que o Tempo significa algo, no que toca a nós dois? (...) Adorei percorrer as calçadas contigo. E jamais esquecerei todos os sítios novos que me mostraste. E todas aquelas visitas inesperadas às tantas da noite, em que aparecias fora do meu apartamento sem avisar. Nunca te pedi nada, nunca me pediste nada, mas tenho a certeza que, no pouco tempo que se passou, demos mais um ao outro, do que inicialmente pensávamos ser possível. E não me julgues mal, não estou a queixar-me... mas está na minha hora. Na hora de eu partir, sem deixar muito rasto da minha presença na tua vida. Na hora de eu desligar-me das tuas piadas espontâneas, que tanto me iluminavam os dias, e de todos os sítios que, lado a lado, descobrimos sem querer, por esta cidade cinzenta, a que deste tanta cor. (...) 

Hei-de sempre pensar isto: ainda bem que apareceste, por mais breve que tenha sido. E ainda bem que me mostraste que ser-se louco, e que ignorar horários, e que beber álcool às segundas-feiras não tem de ser condenável. E que correr riscos e viver à flor da pele é a melhor forma de se passar os dias. 

Mas continuo a dizer: está na minha hora de ir. E na hora de te deixares ficar. E eu conheço-te: sei que não vais atrás de ninguém, não por orgulho, mas sim por não veres qualquer sentido nisso. E eu não quero que mudes. Aliás, considero-te das pessoas mais interessantes que alguma vez se cruzou no meu caminho... 

A razão da minha fuga? (não que fosses perguntar) É o medo de me agarrar demais a ti - alguém tão viajante e aventureiro, que nunca assenta em lado nenhum, e ao lado de ninguém; alguém que, desde o início, sempre me mostrou que estaria apenas de passagem... E eu não te censuro por nenhuma dessas coisas. Nem quero que mudes nunca.

Estou triste, não minto. Nunca te menti, jamais o farei - como te prometi. E, por isso, digo-te: estou triste, mas não me deixaste outra opção. A culpa não é tua... é minha, e do meu coração que não se impede de sentir. Ao contrário do teu.

Obrigada por tudo, Amigo Diferente. Amigo Doido. Porra, nem sei o que é que hei-de te chamar.

sábado, junho 22, 2013

Foste um desistente insistente.


Nunca gostaste que fumasse... Aliás, de uma forma pouco subtil, tentaste sempre impedir-me, mesmo sabendo que não valeria a pena. Ainda me lembro de como te desafiava: "se tu o fazes, eu faço-o também", deixando-te o mais enervado possível. Éramos tão crianças, tão idiotas um para o outro. Pior do que eu fumar, era eu mentir-te acerca disso. "Cheiras a tabaco", dizias-me, de olhar acusador, arqueando a sobrancelha. Ao que eu te respondia, "é impressão tua, nem fumei", com um encolher de ombros rápido e ríspido. "Juras?", perguntavas, num grunhido de desconfiança. "Não...", dizia-te, vendo-te, logo, a virar-me as costas e a prosseguir caminho. Não valia a pena, todas essas discussões à volta de um assunto tão frívolo e desnecessário. Mas tu não desistias... Era impressionante e irritante, ao mesmo tempo. 

Dizem que amamos mais as pessoas em determinados momentos, e eu nunca percebi como é que isso era possível. E que o amor era sempre pleno e constante, até se extinguir lentamente, como uma chama, que deixa de ter algo para se queimar. 

Olhando agora para trás, e para aqueles minutos impiedosos a levar contigo e com as tuas insistências para que deixasse de fumar, apercebo-me que foram também esses os minutos em que te amei mais ainda, mesmo quando eu pensava que tal era-me impossível. 

Isto porque, pelo menos, naqueles momentos, não desististe... 
alguém que sempre desistiu de tudo.

terça-feira, junho 18, 2013

"Cala-te, idiota."


Ele não era de muitas palavras. E ela sabia-o e aprendera a aceitar isso mesmo. Ele não era aquele tipo de rapaz que lhe seguraria nas mãos e que, num meio sorriso, num meio olhar, lhe diria: "Eu amo-te". Não, ele nunca seria assim. E ela sabia-o bem... Já há muito tempo que não se importava com isso mesmo. Eles não tinham aquela relação convencional, baseada em cantigas de amor, ou em contos de fadas. Eram aquele par que vocês jamais veriam de mãos dadas num jardim, a trocarem beijos apaixonados, de minuto a minuto. Ao invés, preferiam refugiar-se num local qualquer secreto - o ponto em que ambos os seus corações se cruzavam -, em silêncio, enquanto se perdiam ao som de uma música qualquer, que falasse por eles. E melodias eles tinham muitas. Quer fosse o som dele a bater à sua porta, sorrateiramente, às tantas da madrugada, para fugirem juntos; quer fosse a mistura melódica de ambas as suas gargalhadas a ecoarem por todas as paredes. Eles viviam assim o seu Amor: frenético, instável e louco, como eles o eram e muito. Viviam, assim, à flor da pele, através de gestos - como beijinhos na testa, abraços de perfeito encaixe, ou a fazer amor -, gestos esses que nunca são capaz de mentir, como as palavras o fazem.

Ninguém os entendia. Ninguém era capaz de perceber o fundamento de tal Amor. Olhavam-nos de soslaio, e chamam-os de doidos, sem qualquer noção. E eles riam-se dessas pessoas. Riam-se por elas jamais conseguirem compreender que, no Amor, absolutamente nada tem de fazer sentido. E que senti-lo puramente está acima de todas as outras coisas. Era um Amor sem limites. Sem regras, ou fronteiras. E talvez foi por isso que eles se perdiam tanto Nele, e um no outro. Talvez foi por isso que se perderam de todo o Mundo em volta. (...)

E a cada "cala-te, idiota" que eles diziam, transmitiam muito mais amor do que muitos "eu amo-te"s, que se dizem por aí.

segunda-feira, junho 17, 2013

"Desculpa, mas ficamos por aqui."


Olá, estranho. Sim, estranho. Foi nisso que tu te tornaste. E é pena, porque tenho a certeza de que, há não muito tempo atrás, todo o meu Mundo estremecia ao mencionar do teu nome. E é pena. Tínhamos tanto para dar... Ou talvez é isto que todos gostamos de acreditar, ao chegarmos ao fim. De que havia mais amor. De que havia mais estrada por percorrer. Mas... E se, na verdade, não havia? E se, lá no fundo de ambos os nossos corações desgastados pela dor, não tínhamos já nada a que nos pudéssemos agarrar? E eu que tanto acreditei que nunca nada seria capaz de nos deitar abaixo. Quem diria? Da morte do nosso Amor, somos os dois os únicos culpados. Tu, por te teres desleixado na importância que me davas. E eu, que caí no erro de não ser sempre sincera contigo. E é pena. Pensar em tudo aquilo que vivemos juntos, e simplesmente ter de lidar com o facto de que tudo passou a memórias, destinadas a não se repetirem. 

O nosso erro foi termos deixado de saber como nos amarmos um ao outro. O que era, outrora, algo que fazíamos de forma tão natural, como respirar, tornou-se num quebra-cabeças sem qualquer sentido. E nós nem demos conta de nada. Seguimos sempre, acreditando que a solução estava algures lá à frente... Quando já há muito que tínhamos passado por ela. (...)

Só quero que saibas que me encontro feliz. E que aprendi aquilo que julgara ser impossível: a sê-lo sem ti. É incrível. Pensava que não conseguia viver bem sem ti e, agora, olho para mim... A dançar e a cantar, mesmo que a chuva caia e o chão estremeça. Só quero que saibas isto, estranho, mesmo que não te deva nada. Nem tu a mim.

Obrigada por me teres tornado mais forte. E por me ensinares que a Vida não coloca nenhum obstáculo à nossa frente que não consigamos ultrapassar.
E espero que também tenhas aprendido algo comigo... Que para manteres uma relação com alguém que amas, é preciso o esforço que fizeste para conquistá-la.

E diz à pessoa que eras... que tenho saudades dela. 

sábado, junho 08, 2013

"Nice to meet you, Mr. Trouble."


Conheci-te, algures, numa outra noite qualquer, em que as horas já eram tardias e a noite já há muito que havia começado. Vieste ao meu encontro, com um meio sorriso nos lábios, como se já me conhecesses há muito tempo. Talvez foi isso que me puxou. Talvez foi isso que me fez perder-me contigo em conversas, por entre essa madrugada, das quais já nem me recordo. As únicas coisas que me foram certas, naquele momento, era o álcool que nos corria no sangue e a chuva que caía sobre nós, e que tanto optámos por ignorar. Talvez cruzámo-nos sem qualquer razão. Talvez sejas só mais alguém de passagem. Ou talvez, quem sabe, acabes por ficar. É isso que gosto em ti: trouxeste um novo tipo de incertezas à minha vida. Incertezas essas que aprecio, por não me pesarem na cabeça; por não me fazerem pensar demais; por não me tirarem o sono à noite. Simplesmente fazem-me querer esperar para ver. É essa tua simplicidade que me atrai; isso e o teu jeito de quem gosta de sarilhos, como eu. De quem não tem medo de fazer disparates e de se rir deles. De quem não se importa de viver à flor da pele, nem perde tempo em becos sem saída, que não levam a lado nenhum. É isso que eu gosto em ti: o facto de que, quando estou ao teu lado, sou eu própria como nunca fui antes.