terça-feira, julho 02, 2013

Tornaste-te em tempo perdido.


Ela cansara-se. Ela finalmente, e depois de demasiado tempo, cansara-se. Apercebera-se, por fim, que não tem tempo para perder tempo. Homens que têm mais dúvidas que cabelos? Homens que, num dia, percorrem meio mundo por ela, e no outro nem vontade têm para dar um passo em frente? Homens perturbados e frios como manhãs de Inverno? Cansara-se deles. Finalmente, perdera a paciência para lidar com esse tipo de miúdos - é isso que eles são, na verdade. Sim, não passam de crianças num jogo de homens. Ela apercebera-se disso. E já não era sem tempo. (...)

Achas que mereço levar com esses teus jogos de toca e foge? Hoje, vamos dar o braço e percorrer as Avenidas lisboetas, e amanhã nem sou digna de uma mera palavra tua? Achas que preciso disto? Então, desengana-te. Ou melhor, deixa-te estar, que eu cá hei-de ficar também. Se pensas que sou daquelas que fica à espera fora da porta só para te ver desaparecer ao longo da rua, então estás enganado. Se pensas que sou daquelas que adormece a pensar onde é que errou por ter perdido alguém como tu, então estás no erro. Não preciso disto. Aliás, só me consegues provar cada vez mais, e a cada dia que passa, que simplesmente não preciso de alguém como tu. 

Eu procuro alguém que não funcione por dias, ou por apetecimentos de momento. Quero alguém que me ame de coração inteiro, e não só quando apetece, ou quando dá jeito, ou quando é mais conveniente. Quero alguém que me faça sentir segura de que, ao adormecer do meu lado, vai manter-se assim, junto a mim, ao acordar na manhã seguinte. Quero alguém capaz de me aceitar por tudo o que sou, por todos os erros que já cometi e por todas as cicatrizes, ainda desenhadas à flor da minha pele, junto ao peito. 

Julgava-te bom para mim, e acreditei mesmo, algures, que me fosses fazer muito bem. Mas tu não és (mais) tu. E eu não tenho tempo para indecisos que, num dia, me fazem rir às gargalhadas, para noutros me deitarem completamente abaixo. Não tenho tempo, nem vontade, percebes? E é pena. É pena porque eu estava disposta a percorrer meio mundo por ti. Estava disposta a dar-te todo o tempo que quisesses para sarares as tuas próprias feridas. Mas nada disso basta, quando tu simplesmente não estás disposto a fazer o mesmo por mim, deixando-me ao primeiro abanão. 

Um dia, disseste-me que tínhamos todo o Tempo do Mundo... 
E sim, talvez tenhamos... Mas isso não implica que eu o queira gastar todo contigo. 

1 comentário:

  1. Quando estamos dispostos a percorrer o Mundo por alguém isso não desvanece assim. Por muito que lutemos contra o que sentimos, se o sentimento for forte vai ficar lá. Vai ficar quando estamos tristes, em baixo, quando estamos revoltados, quando estamos magoados.. Mas o que interessa é que fica.
    E quando um sentimento resiste assim a tudo, resiste até ao facto de nós próprios o querermos arrancar do peito, então isso diz muito.
    Se não podemos vencê-lo, por que não lutar por ele?
    O Amor é uma boa causa :)

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