terça-feira, agosto 27, 2013

Vai, que eu fico aqui a amar-te para sempre.


Como é que consigo amar-te tanto e desta maneira? Sem te ter. Sem te poder tocar. Sem te poder dar um beijo sempre que me apetece. Sem sequer te poder chamar de "meu". Tornaste-te numa borboleta que está constantemente a pairar à volta da minha cabeça e à frente dos meus olhos, mas nunca próxima de ficar. Pousas na minha mão de forma tão leve e surpreendente, que até tenho medo de prestar demasiada atenção, com o risco de a perder. E assim o é: de tão rapidamente que vem, ainda mais fugazmente se vai, deixando para trás apenas aquele formigueiro à flor da minha pele e o som do bater das suas asas, ainda a ecoar no vazio do meu coração. Foi nisso que te tornaste. E como é que consigo continuar a amar-te mesmo assim?

Lembro-me tão bem da primeira vez que te vi, a passar a porta da sala de aula com 10 minutos de atraso. Lembro-me de como me inebriaste com todas as estações do ano, de uma só vez: os teus olhos eram brilhantes como dias de Verão; os teus cabelos eram os vários tons das folhas que preenchem as árvores, nas tardes de Outono; o teu meio sorriso era tímido como o Sol de manhãs de Primavera e cheiravas a chuva fria de Inverno. Embebedei-me de tal modo com tudo isso, que até me senti a ficar sem ar. Amei-te assim que te vi. E ainda não consegui deixar de fazê-lo... E olha para os anos que passaram por nós!

Será possível amar alguém para sempre, mesmo sem receber nada em troca? Mesmo sem poder expressar tal Amor? Será possível? Se não é, então como é que eu o faço por ti? (...) Talvez seja assim: amar-te simplesmente porque sim; por não saber fazer nem sentir outra coisa. Amar-te de coração, alma e corpo por completo, sem ser preciso mais nada. Amar-te como respiro: sem o conseguir evitar. Amar-te é isso: é tão meu, é tão o que eu sou e o que sempre quis ser. Faz-me sentir bem, livre, jovem. Faz-me acreditar no Amor em toda a sua plenitude. Sem pedir por mais nada. Sem querer mais nada. Uma carta sem resposta. Uma melodia para o vazio.

Amo-te da forma mais limpa e verdadeira que alguém pode amar. 

És a minha alma gémea. Nunca hei-de pensar o contrário, por mais homens que se cruzem comigo; por mais pessoas que eu ame e venere; por mais amor que lhes dê e que deles receba. O meu coração terá sempre um lugar para ti: bem aqui, no canto mais sagrado e mais secreto do baú, onde ninguém - a não ser eu e tu - consegue chegar.

Agora, voa, borboleta. 
Estou aqui a ver-te pairar. 
Sê livre de ir. Sê livre de voltar.

1 comentário:

  1. Poderia ter escrito algo assim...
    Os amores puros, que não têm explicação ou razão aparente, que não pedem nada em troca, apenas existem por si e por existirem nos mudam dos pés à cabeça, nos reinventam a alma e nos desconcertam o coração são os melhores... :)

    ResponderEliminar