Meu Amor,
Escrevo-te porque morro de
saudades tuas. E mais que isso: continuo a morrer de amores por ti.
Lembras-te daquela noite, em que
fugimos de tudo? Dos olhares intrometidos, da confusão alheia, e partimos rumo
à costa deserta? Vínhamos os dois, lado a lado, no carro. As tuas mãos rodeavam
o volante e as minhas pousavam no meu próprio colo. E lá íamos falando, já nem
eu bem me lembro do quê. Sempre foram assim as nossas conversas: fluíam tão
naturalmente como respirar. E, assim, do nada, sinto-te a agarrar uma das
minhas mãos, entrelaçando nela os teus dedos, que tão perfeitamente ocuparam o
espaço entre os meus. Sorri para dentro do meu coração que acelerara o ritmo. E
também tu aceleraras o carro.
Chegámos ao destino não planeado
e foi só uma questão de tempo até nos perdermos, simplesmente. Deitados ao
comprido da cama, sussurrámos palavras quentes e dóceis no ouvido um do outro.
Palavras essas que se elevaram por entre o ar, marcando as paredes, os lençóis
e a nossa própria pele, ainda fervente, apesar da noite fria que estava. E
quanto mais nos perdíamos, mais nos íamos encontrando um ao outro.
Comecei a gostar de ti aos
poucos e agora não consigo parar, meu Amor. Quero dar-te um beijo leve e
afagar-te o cabelo, enquanto te digo que és capaz de tudo. Quero repousar a
cabeça na curva do teu pescoço e lembrar-te o quanto acredito em ti e em nós.
Quero abraçar-te e dizer-te o quanto sinto a tua falta. O quanto sonho contigo.
O quanto penso em ti, nestes dias aonde a tua presença não chega.
Estou tão longe de onde tu
estás, meu Amor. E custa-me tanto. Não poder simplesmente desaparecer contigo,
de novo. E, acredita, que a vontade é-me tanta de partir ao teu encontro. Para,
juntos, irmos embora, sem destino, sem mapa, sem mais ninguém: rumo àquele
sítio onde a distância jamais nos apanharia.
Pensando bem: talvez não esteja
a morrer de saudades tuas. Estou, ao invés, a vivê-las. A alimentar-me delas,
até que se sumam. Até que o tempo e a distância que nos separam se dissipem.
Até voltar para junto de ti. Até voltar a encostar o meu sorriso ao teu peito,
que tanto chama por mim. Até voltar a beijar-te e a lembrar-te o quão fortes e
capazes somos de fazer isto: de sobreviver às saudades e aos dias sem o outro. Que parecem nunca mais terminar.
Gosto muito de ti, meu Amor. E
nunca te esqueças que: por mais longe que esteja, estou sempre aqui: a gostar
de ti aos poucos e cada vez mais, a cada dia que passa.
E isso – este Amor – nem a
saudade, nem a distância, nem o tempo nos tiram.