quinta-feira, fevereiro 20, 2014

Parem de deixar marcas em vão, pois elas não o são.

Nós deixamos rastos por todas as vidas que passamos. Deixamos marcas espalhadas pela pele de todas as pessoas que alguma vez tocámos. Nunca marques ninguém em vão, porque essas mesmas marcas nunca se tornarão vãs, por mais que o tempo passe. Ainda há dias observei os contornos das minhas costas, do meu pescoço... E por lá ainda achei rastos meio nítidos daqueles que por mim passaram. E é verdade. Uns marcam-nos mais do que outros. E, no entanto, somos incapazes de nos esquecer de quem quer que seja.

E, muitas vezes, é esse o nosso problema. Não reconhecemos o poder do nosso toque; do nosso marcar. Limitamo-nos a vaguear por aí e a passar pelas vidas de uns e de outros, nunca parando para pensar, por um segundo que seja, no que poderemos estar a deixar fincado nas suas vidas. E, depois, no fim dos fins, partimos... Nunca parando um segundo para olhar para trás, observar essa pessoa de frente, uma última vez, e reparar no quanto fomos capazes de alterá-la. De marcá-la. Nunca somos capazes de nos questionarmos acerca do quanto estamos prestes a deixar certas tatuagens no seu corpo, que ali ficarão sempre para assombrá-la.

Não há nenhuma lei, nem nenhuma força que nos imponha a ficar para sempre junto de alguém, quando ninguém dura para sempre. Mas devíamos respeitar-nos mais. Jamais abandonar quem quer que seja, como se não fosse nada. Jamais deixar alguém simplesmente a sangrar e a latejar em ferida, por nossa causa, sem deixar nada para trás. E o que é que nos custa? Desculpar-nos? Justificarmo-nos? Digam-me: o que é que custa fazê-lo?

Já que vamos marcar-nos uns aos outros, de qualquer maneira, ao menos que, quando for para tudo acabar, que seja em paz. E em respeito. Porque essa pessoa que estás a deixar sozinha e magoada, outrora foi a que te curou os arranhões que tinhas à volta do coração, deixados por outra que nem se importou. Lembras-te disso? 

Acreditem que, se assim o for, todas as feridas sararão mais depressa. E, assim, também mais depressa seremos todos capazes de seguir em frente.

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