quinta-feira, outubro 23, 2014

Agarra no telemóvel. Agora, liga-lhe.


Agarra no telemóvel. Já está? Agora, insere os dígitos certos. Está? Então, agora, liga-lhe. Ou manda-lhe uma mensagem; como preferires. Está na hora. É agora. Tem de ser. A espera terminou.

Não te deixes ficar – nem mais um único dia – nesse impasse. O que tens a perder, afinal? O que é que se tem a perder, quando já nada é certo de se ter? Anda lá e diz-lhe. Diz-lhe tudo, sem hesitar. Não tenhas medo de tropeçar nas palavras, ou de ficar uns dez minutos em silêncio, sem saber como começar. Liga-lhe e confessa-te. Diz-lhe que é tudo ou nada, e que não cá mais intermédios para ninguém. Que ou é, ou não é. Liga-lhe, e diz-lhe: acabou-se a hora de fugir. E de evitar todas as perguntas que têm de ser feitas e respondidas. Liga-lhe e diz para deixar de ser cobarde e encarar-te de frente. A ti, e aos seus actos. Diz-lhe que, por mais que ele fuja, no final, serão sempre os dois a decidir. Diz-lhe que te cansaste de esperar pelo incerto; que te cansaste das dúvidas, dos pontos de interrogação e das reticências. Liga-lhe e grita-lhe, se for preciso. Tu não queres mais sentir-te um vaivém na sua vida. Tu estás farta de nem saberes o que representas para ele, afinal de contas. E tu não toleras – nem mais um único dia – neste típico labirinto; nesta mesma peça de teatro, que já nem espectadores tem. Liga-lhe. Está na hora de saber.


Pergunta-lhe se ele acha justo. Vá, pergunta-lhe. Se ele acha justo deixar-te rodeada de questões e suposições, que tanto te cansam a cabeça, dia após dia; que te arrancam do sono, à noite. Se ele acha merecido o facto de, nuns dias, te tratar como a maior prioridade, para, noutros, te fazer sentir como última opção. Pergunta-lhe. Pergunta-lhe se ele acha justo ser os dias todos do teu calendário, enquanto te trata como um entretenimento para as horas vagas. Pergunta-lhe, e se o deixares sem resposta, aí tens a que precisavas.

Diz-lhe que podes adorá-lo o quanto baste, mas que se “isto” é o tudo que ele te pode dar, então não te merece de todo. Diz-lhe, enquanto tentas suster as lágrimas, que estás demasiado cansada para continuar a lutar sozinha. Diz-lhe, que a única coisa que querias realmente era fazê-lo feliz, enquanto ele está demasiado ocupado a fazer de tudo para manter-se miserável.

Despede-te dele. Vá, tens de desligar agora. Está na hora. O pior já passou.

Agora é a vez dele, de agir. De correr atrás. De fazer-te mudar de ideias. De implorar-te para que o deixes provar-te de que ele é o homem por quem te apaixonaste; alguém que vale realmente a pena. Caso ele não o faça, acredita que ele está a fazer-te o maior favor de todos.

Se ele não está cá para ti, agora, quando mais precisas... Quando é que vai estar? Aí está: nunca.

Sem comentários:

Enviar um comentário