sábado, novembro 29, 2014

Ao meu futuro "tal". Se é que existe(s).


Espero que estejas preparado para lidar com toda a tempestade que eu sou. Mas não te acanhes. Nem te deixes enganar. Sou mais do que alguma vez te mostrarei nos primeiros momentos em que estivermos juntos. E eu sei que vais ter a paciência para desvendar tudo aquilo que não revelo, à partida. E eu hei-de meter-me contigo. Hei-de chamar-te de “idiota” a cada frase. Hei-de enxotar-te com ambas as mãos, de cada vez que te aproximas, enquanto me rio. Hei-de dizer-te o quanto acho o teu penteado ridículo.

Estou sempre a dizer piadas. Nunca à espera que te rias, até porque hei-de me rir sozinha, de qualquer maneira. Mas também adoro que me façam rir. É das capacidades que mais aprecio em alguém. E eu sei que, se chegámos a este ponto, é porque tu a tens em ti.

Às vezes, quebro. Perco as estribeiras. Grito a plenos pulmões e passo-me por completo. A culpa não é tua. Mas sim de todos aqueles que te antecederam, e que de tal forma me deixaram coberta em feridas. Não é justo, eu sei. É uma injustiça enorme teres de ser tu a lidar com as réplicas de todos os meus antigos terramotos. Mas, como és tu, sei que farás os máximos para me compreenderes, mesmo que nem sempre sejas capaz de me entender.


Antes do primeiro café do dia, saberás de imediato que não me deves fazer muitas perguntas. E, quando discutirmos, evitarás ao máximo ser sarcástico comigo. E, no entanto, também serás capaz de me mandar parar, quando for eu a fazê-lo. É um dos meus grandes defeitos, sabias? Esse e o de achar que tenho sempre razão. Mas eu sei que irás sempre arranjar uma forma de me apontar os meus erros. Só assim é que eu aprendo, percebes? Eu sei que o fazes melhor do que ninguém.

Gosto de sair à noite. Gosto de beber os meus copos, de vez em quando, com os meus amigos. E, no entanto, adorarei completamente todos os nossos serões passados a sós, num lugar qualquer. De nada me interessa, desde que lá estejas. Acompanhar-te-ei para qualquer lado, de sorriso no rosto. Respeitarei o teu espaço por completo, por saber que tu sentirás a minha falta, por entre esses momentos. E serei sempre franca, por mais que seja difícil de dizer e difícil de ouvir. Porque também eu quero que o sejas comigo. Sempre.

Mas sou-te sincera. Provavelmente, quando me encontrares – seja de que maneira for – ainda estarei um tanto feita em pedaços. Mas eu sei que tu farás o que for preciso para te lançares na busca por todos eles. E que os juntarás, um a um, com todo o carinho do mundo. Para, no fim, mos devolveres num coração inteiro e preparado para te amar como ninguém. Como tu e só tu mereces. E confesso-te que estou coberta de cicatrizes, à flor da pele. Mas também sei que tu – e somente tu – as beijarás, uma a uma; as amarás como parte do meu ser – esse, que tanto amas, apesar do quão fragilizado se encontra.


Não ando à tua procura, nem estou propriamente à tua espera. Não creio que o amor funcione assim. Ou talvez (até) já te conheço, quiçá? És um mistério recôndito e eu (já) te amo por isso. Não tenhas pressa, que amar nunca deve ser apressado. Nem tanto previsto. Prometo-te que jamais serei perfeita, mas que farei de tudo para te entregar todos os meus lados, sem esquemas, sem jogos e sem nunca deixar que o medo se meta no nosso caminho.

Não preciso que me salves, porque não sou indefesa. Nem te peço que me concertes, porque não sou um brinquedo partido; quero que me aceites por tudo o que sou. E só preciso que nos dês tempo suficiente para mostrarmos um ao outro do tudo o que somos capazes. Nós merecemo-nos. Só preciso que acredites em mim, em ti e em nós. E que mantenhas essa força de vontade, até depois de me conquistares; mas também para me manter.

Enfim, será um derradeiro prazer conhecer-te.

Quando se ama, não há desculpa(s). E p(r)onto!


Durante todos estes anos, dei por mim a desculpar-te até dizer chega. E de cada vez que me perguntavam porque é que não estávamos juntos, eu saía-me sempre com uma desculpa qualquer; por ti. “Simplesmente não está numa boa fase”; “por agora, não dá. Quem sabe, mais tarde?”. Fazia-lo tão naturalmente, como quem respira.

Apercebi-me, no entanto, de que não o fazia com o intuito de te defender. Nem sequer com o objectivo de não passares por um frio sem escrúpulos. Não. Eu fazia-lo por mim. Todas essas desculpas que entregava a outrem, eram meramente para me aliviarem da dor. A dor que sinto por entre todos estes dias a que não chegas. Pior: a que nunca te vejo (querer) chegar.

Está na hora de ser realista finalmente. Se tu não estás, neste momento, encaixado do meu lado, é porque não o queres realmente; nem fazes por isso. E p(r)onto! E se amanhã eu não acordar numa cama abençoada pela tua companhia, é porque tu escolheste não vir ao meu encontro. E p(r)onto! E se, por entre esta noite fria, nem posso contar com o teu amor a aquecer-me por dentro, é porque tu simplesmente não mo concedes. E p(r)onto!


Deixo-me de desculpas. Cansada já eu estou de desculpar-te a meio mundo. E mais: a mim mesma. Tu apenas não tens vontade de vir ao meu encontro. E muito menos a paciência digna para ficares. Tu apenas não lutaste nem metade do que aquilo que eu seria capaz por ti. E mais: por nós. Tu simplesmente nunca me amaste o suficiente, para permitires que todo o nosso amor nos fosse suficiente. É a verdade em todo o seu esplendor. E haverá verdade mais dolorosa do que essa?

Não. Não há. Porque essa não depende de mim. E pudesse eu fazer alguma coisa para nos salvar! Mas de que me serviria, se sempre fui eu a ser por nós os dois? A manter-se firme por ambos? A sofrer por dois corações (visto que o teu estava demasiado encoberto para sentir o que quer que fosse)? A arrastar-te por esta jornada – ano após ano -, enquanto carregava todo o teu peso às costas? Sozinha. Sempre fui eu sozinha, não é verdade?

O amor pode durar uma vida inteira. Porra, eu nem pedia isso. Só sei que podíamos ter sido mais. Porra, podíamos. Mas tínhamos de ser os dois a querer. E enquanto eu queria cada vez mais, a cada dia que passava, tu enchias-te de dúvidas, de medos e de merdas. Era isto que tu querias, não era? Terminar é sempre mais fácil do que tentar, para ti. E, para ti, desistir é sempre a única saída quando as coisas se complicam demasiado.


Só espero que, um dia, mais tarde, aprendas a amar realmente. E a fazer todas aquelas coisas que – alguém que ama – tem de desesperadamente fazer. E espero também que nunca tenhas de passar por aquilo que eu passei. Ver quem mais amas no mundo a afastar a tua mão; a deitar abaixo o vosso mundo inteiro, e a seguir sem ti, simplesmente por “ser mais fácil”. Como é que aceitar a coisa mais penosa de todas – o Fim – pode ser o caminho certo? E mais: quando nem nos permitiste tentar todos os outros.

Quando se ama, preferimos o nosso próprio fim, ao fim da outra pessoa. Sabes sequer o que isso é? Quando se ama, morre-se de amor; morre-se por falta dele. Deixaste-me morrer e nem te importaste. E agora? Que te posso chamar, se nem do meu amor foste digno?

quarta-feira, novembro 26, 2014

A porta é serventia da casa.

Os anos passam por ti e tu sentes-te quase que imutável. Ao longo do tempo, nem dás por nada e, no entanto, ao olhares para trás... Aí sim, apercebes-te do quanto cresceste e do quão diferente está a tua maneira de lidar com todo o tipo de coisas.


Lembro-me tão bem do sufoco que sentia, ao sentir alguém – que sempre me fora tanto – a afastar-se derradeiramente de mim, sem qualquer justificação ou razão clara. Passava-me por completo. Perdia-me em questões e mais questões: “Aonde errei? O que é que será que fiz de mal? E o que posso fazer para que tudo volte ao que era dantes?”. Quase que perdia noites de sono, a rebolar na cama, de um lado para o outro, a sentir-me tão culpada sem saber sequer o porquê.

Mas depois tu cresces. Tu cresces e aprendes. Aprendes que, independentemente de tudo o que já fizeste por outrem, ninguém é obrigado a retribuir-te o que quer que seja. Ninguém tem um contrato vitalício assinado e carimbado, para que fique ao teu lado para sempre. E que, por muitos esforços que faças, simplesmente existirão pessoas que, lenta e gradualmente, seguirão outros caminhos que não mais coincidem com os teus. Ninguém é forçado a nada. São os que o fazem; que ficam, de qualquer maneira e sem lhes ser pedido, que valem realmente a pena.


Costumava ficar tão ressentida com as pessoas, outrora. Ou porque pareciam não estar cá para mim como eu sempre estivera para elas. Ou porque simplesmente se iam desligando cada vez mais da minha vida. Ficava de tal modo magoada, que nem conseguia pensar noutra coisa. “Porque é que estás diferente? Será que deixei de ser interessante para ti? Será que te apercebeste que, afinal, a nossa amizade não valia a pena?”.

Mas depois cresci. Cresci e aprendi. Aprendi que a vida corre como um rio, que não volta mais atrás. E que algumas pessoas vão entrando na tua vida, aproximando-se de ti e marcando-a por tudo o que são; e, depois – e nem sempre por uma causa qualquer definida –, vão deixando cada vez mais de cá estar. Por vezes, aos poucos. Noutras, tudo de uma vez. E, no entanto, são essas mesmas as que – quiçá – te ensinam mais que quaisquer outras. Essas lições tão dolorosas, que tão desesperadamente temos de aprender. É a isso que te deves agarrar, e não a mágoas, nem a rancores, que não passam de puro desperdício de tempo. Esse, que jamais terás de volta.

Eu não tenho mais aquela paciência para perder noites em branco, a pensar no porquê de tudo ter mudado. No porquê de, outrora, termos tido uma amizade tão próxima, e que, agora, não passa de trocas de cumprimentos cordiais. Nem tenho mais a vontade de ir atrás – vezes e vezes sem conta – a puxar quem quer que seja de volta ao meu encontro. Não. As relações não podem funcionar assim; jamais. E quando se chega a uma hora em que só um lado faz a força... Talvez seja realmente a hora de cada um seguir o seu caminho.


Não guardo raiva por quem partiu. Fosse porque razão fosse. Guardo, ao invés, tudo aquilo que me ensinaram. Guardo as memórias sorridentes e partilhadas no seu tempo certo. E a vida é assim mesmo. É o constante seguir em frente, por mais que, pelo caminho, pessoas fiquem deixadas para trás. Ninguém parará por ti. E, com certeza, ninguém deverá parar-te.

É um mundo tão grande, este, o nosso. Tantos lugares por descobrir e tanta gente ainda por conhecer, que com certeza te ensinarão tanto. Com o passar do tempo, também te apercebes do quão valioso este é. E que jamais deveria ser usado em vão, numa batalha por alguém que simplesmente escolheu não estar mais do nosso lado. E que jamais deveria ser desperdiçado por meio de dúvidas e incertezas que plantámos nas nossas cabeças. E que jamais deveria ser entregue a quem já nos deu provas suficientes de que não o merece.

Somos todos tipo borboletas. Livres de ir e livres de voltar, ou não voltar nunca mais. E com o tempo, tu cresces e aprendes. Cresces ao ponto de seres capaz de deixar ir. E aprendes que as melhores pessoas que alguma vez conhecerás na tua vida, não são aquelas que te fazem ir atrás constantemente, para que dê certo. Mas sim as que, contigo, enfrentam qualquer adversidade e qualquer distância, só porque o vosso laço é mais forte que qualquer outra força da natureza.


E nunca se esqueçam de só manter quem vos faz feliz. 
O resto são restos. E tu mereces mais que isso.

sábado, novembro 15, 2014

Amizade com prazo de validade.


Estou furiosa contigo, neste momento. E a toda esta fúria alicerça-se uma tremenda e desmedida desilusão. Como é que foste capaz de fazer-nos isto? Após todos aqueles anos de amizade, que passaram por nós? Após todas as incontáveis lições que ensinámos um ao outro, com o passar dos anos? Após todos os momentos inigualáveis que passámos juntos?

Tu eras o meu melhor amigo. E mais: eras o meu maior confidente. Sabes (sequer) o que tudo isso significa? Sabes (sequer) o quanto representaste na minha vida – esta, a que fizeste questão de deixar por completo? Sinto-me parva, mas tão parva... Por alguma vez ter entrado em juras de amizade eterna contigo, apenas para termos este desfecho tão triste. O que tu escolheste, sem qualquer hesitação. (Que triste!)

Um amor que acaba, aperta-nos o coração e dói-nos no corpo todo. Agora, a perda de uma amizade como a nossa, suplanta qualquer outra dor. Pior ainda: quando só um lado a sente.

Como queres que lide com o facto de teres escolhido virar um estranho? Tu, que estiveste presente nos meus primeiros desgostos de amor. Tu, que passavas a vida em minha casa, a ver televisão e a comer porcarias. Tu, que eras a primeira pessoa que me abraçava quando eu chegava à escola. Tu, que sabias todos os meus segredos e medos de cor e salteado. Tu, que conheceste todos os lados que eu sempre escondi de todo o mundo. Tu, que me dizias que uma vida comigo não pedia por mais nada, porque seríamos amigos até ao fim, acima de qualquer outra coisa.


Como queres que lide com esta distância a que nos submeteste, sem qualquer explicação? Como queres que me sinta, ao ver-te cuspir num laço que eu julgara tão único e tão forte por ser nosso? Mas que raio de amigo é que tu alguma vez foste, para seres capaz de apagar-me da tua vida, como se eu nunca tivesse existido?

Um fantasma. Tu, que outrora irradiavas luz na minha vida, tornaste-te num fantasma. Porque assim o quiseste e escolheste. Quem é que tu pensas que és, para me tratares com tão-pouca consideração e respeito, depois de tudo o que fiz por ti? Depois de todas as oportunidades que te entreguei? Depois de todos os teus erros e defeitos que aprendi a amar e a aceitar? Depois de todas as lágrimas que derramámos em ambos os nossos colos?

Como é que, para ti, foi tão fácil virar-nos neste nada? Será que alguma vez a nossa amizade significou algo para ti? Não. A resposta é não. Porque, verdade seja dita... A única pessoa que ainda sente falta dela, após este tempo todo, sou eu e eu sozinha. E dizias-me tu que eu jamais iria gostar de ti da maneira como tu gostavas... Quem diria. Onde estás tu agora?

Sempre quis tomar conta de ti. Sempre te quis proteger de tudo, até de ti próprio. Até quando me enxotavas, eu mantinha-me firme. E tu, de todas as vezes que me vias vacilar, agarravas-me pelos pulsos e dizias: “Eu posso perder tudo... Menos tu”. Quem diria. Onde estás tu agora?


Já fui muito desiludida, é verdade. Já tive os meus desamores e relações cortadas. E, no entanto, nenhuma perda se assemelha à que tive de ti. Talvez por eu saber bem que sou a única que sente a falta. Talvez por eu (ainda) querer fazer de tudo para te ter de volta, enquanto tu pareces estar tão melhor sem mim. Ou talvez fazes-me mais falta do que eu gosto de admitir a mim mesma. Sei lá. Que interessa, a partir do momento em que o teu orgulho jamais te permitirá voltar?

Espero que nunca te arrependas de nos ter cortado ao meio. E espero também que nunca olhes para trás e te apercebas do quão importante eu era (afinal) na tua vida. Para além disso, continuo a querer-te bem, porque isso sim, é ser-se amiga. É não deixarmos o orgulho, meter-se à frente da amizade. É nunca deixarmos a mágoa, meter-se no caminho do afecto. É nunca deixarmos as promessas de parte, só por ser mais simples do que mantê-las.

De tudo o que te ensinei, só tenho pena de nunca teres aprendido o que é ser um verdadeiro amigo.

quinta-feira, novembro 13, 2014

Ou és cego, ou és estúpido: escolhe.



Serás cego, ou simplesmente estúpido? Longe de mim querer partir logo para os insultos, mas já cansa. Já me cansas. Tu e os teus devaneios de adolescente, apesar dos nossos tempos de adolescência já terem terminado há muito. É sempre, sempre assim. Esta mesma dança repetida, cujos passos já sei de cor. Vens ao meu encontro com esses teus olhos cheios de promessas e mistério. Lentamente, vais me consumindo os dias - um a um -, sem que eu sequer note. Enches-me os ouvidos e a cabeça com as tuas confissões; falas-me dos teus medos e dos teus sonhos - quando já os sei todos, de trás p’ra frente. Ao dar por mim, (re)habituei-me à tua presença como se nunca tivesses partido. Que até me esqueço que acabas por fazê-lo sempre. Nunca falhas. Aliás, só não falhas nisso; falhas em tudo o resto.


Sempre fui a tal que se apaixonara por todas as tuas cicatrizes, enquanto tu odiava-las por completo. Mas eu não era capaz de não gostar de cada uma delas, porque todas faziam parte de ti. E que ser lindo que tu eras - ainda és, hei-de sempre pensar isso. Por mais asneiras que faças. Por mais erros que cometas e partilhes de imediato comigo. E eles todos me magoam - um a um -, e eu nem sou capaz de to dizer. Talvez, quiçá, se o fizesse, tu parasses de uma vez. Quiçá, deixarias essa vida de nómada da noite; deixarias as outras e ficasses comigo. Ou então simplesmente afastar-te-ia de mim para sempre, quem sabe? Nunca saberei porque jamais teria a coragem de confessar-te o quanto me magoas. O quanto me continuas a magoar de cada vez que te aproximas. De cada vez que te abro esta porta desta casa que é o meu abraço, que nunca se fechou para ti. Mas tu nunca lhe deste o devido valor; nunca; jamais. Eu sou aquela que está sempre cá, não é verdade? Serei sempre aquela de quem mais precisas, mas nunca aquela que tu realmente queres.


E no entanto não consigo mandar-te embora. Não consigo cruzar estes meus braços, nem fechar-te esta porta, porque sei que, sem eles, ficarias perdido - mais do que imaginas, mas menos do que o suficiente para te fazer ficar.

Cansei-me de acreditar no "desta vez será diferente", quando o paleio é sempre igual. Cansei-me de sonhar com o dia em que simplesmente ficássemos juntos. Cansei-me de imaginar um futuro ao teu lado, quando nem no meu presente és certo de cá estar. Já me cansa, entendes? Espero que nunca te arrependas de todas as minhas oportunidades que deixaste escapar, como eu me arrependo de todas as que esgotei contigo. E também espero que nunca fiques preso, algures, a pensar no que poderíamos ter sido, se a tua preguiça e o teu medo de tentar não tivessem sido mais fortes do que tu.


Sempre soubeste que eu não era completa; dizias-me que também não o eras, e que não fazia mal, porque não era suposto sermos. Dizias-me que devíamos amar-nos nas peças que nos faltavam. E eu acreditava em ti, porque ao teu lado todas as coisas eram possíveis. Tanto tempo levei a aperceber-me no mais temível facto que toca a nós: sempre fomos impossíveis. Devíamos ter sabido melhor.

Sussurro-te um "amo-te" mudo pela última vez, enquanto te vejo partir de novo... Já nem sei quantas vezes foram; que terrível realidade. Mas para mim chega, e desta vez será diferente. Tem de ser. Cansada já eu estou de me esfolar; de me queimar só para te ver sorrir, quanto tu acabas sempre por me virar costas, nunca tendo coragem de encarar nenhuma das minhas lágrimas derramadas por ti.

quarta-feira, novembro 12, 2014

O SEGREDO PARA (te) ESQUECER


Como é que existem pessoas capazes de desrespeitar de tal forma alguém que, outrora, lhes fora o mundo? É uma coisa que jamais entenderei, por mais anos que viva. Como, num momento, estás a dizer a alguém o quanto o amas, para uns tempos depois, estares a passar por ele na rua como se ele nunca tivesse existido. Como, num momento, prometes-lhe o mundo inteiro para, seguidamente, estares a deitá-lo abaixo, sem qualquer pudor. Como, num momento, estás a dizer-lhe o quanto significa para ti, para, mais tarde, ires contra todas as tuas palavras.

As coisas começam. As coisas terminam. Laços perduram e desenlaçam-se. A vida é mesmo assim. E ninguém é obrigado a ficar connosco. Principalmente contra a sua vontade. E, no entanto, o que custa mantermos o respeito e a estima? A consideração por alguém que costumava ser a razão do nosso sorriso? Porque é que as pessoas tendem a desrespeitarem-se tanto, como se nunca nada tivesse significado nada, simplesmente por não ter corrido como pretendíamos?

Temos o direito de sentir mágoa. Temos o direito de querer aquele distanciamento necessário para que nos sarem as feridas. Para nos recompormos da queda. E – não me interpretem mal – já muito fui empurrada por outrem. Já contive rancores e enviei olhares de maior desdém. E, no entanto, foi a partir do momento em que me senti capaz de lhes sorrir – a quem tanto me tinha magoado -, que comecei a sentir-me realmente sarada.


Manter o ódio não é a fórmula do esquecimento. Difamar até à exaustão também não. São simplesmente actos vulgares. E acham justo? Acham justo vulgarizarmos algo que, outrora, nos aparecia como a coisa mais extraordinária de todas? Acham justo repudiarmos alguém para sempre, quando essa, outrora, foi a nossa eternidade? E mais: achas justo sacrificar uma pessoa por simplesmente ter seguido a vontade do seu coração?

Diz-se que existem sempre dois lados de cada história. Pois também existem dois lados de cada fim. E em vez de nos prendermos, obsessivos, às suas razões, porque não ir aceitando-o lentamente? Um fim é um fim, e não serão as suas causas que te trarão a paz. Temos de começar a entender que: o fecho de algo, será sempre o começo de outra coisa qualquer. E quem sabe, uma coisa maior do que todas as outras que a antecederam?

Acima de tudo: respeitem-se. Nem é pedir muito. Sigam com as vossas vidas e deixem outrem fazer o mesmo. No final, todos nós queremos ser o mais felizes possível, e encontrar alguém que partilhe isso connosco. Umas vezes, acerta-se. Noutras, falha-se. A vida é mesmo assim. E ela não pára por ninguém. E enquanto te vais enchendo de ressentimentos vãos, o relógio não pára e ninguém vai aguardar que te decidas. Pensa no que podes estar a deixar escapar, enquanto te cegas por aquilo que já te escapou.


Quando um laço deixa de o ser, tal não significa que tamanho amor nunca existiu. Simplesmente significa que todas as suas cordas deixaram de ser suficientes para suster o seu nó. E para que é que haveremos de nos preocupar com quem tem a culpa? Com quem se saiu pior? Parem. Deixem-se disso, que jamais vos levará a algum lado. Desperdício de tempo, é o que é!

O vosso fim tirou-te tanto. Mas - lá está - foi o ‘vosso’, não o ‘teu’. E do que é que estás à espera? Há um novo começo, algures, prestes a acontecer. E não será isso fascinante? A forma como somos capazes de sarar das piores quedas? De ultrapassar as piores fases, quando tudo o que queremos é desistir? Somos tão fortes. Somos tão extraordinários. E somos tão tolos, por perdermos tanto tempo à procura de alguém, quando nos devíamos concentrar principalmente em tornarmo-nos nalguém de quem se precisa.

Sê o melhor que consegues ser. Perdoa e deixa ir, como só os fortes são capazes. Sê cada vez melhor a cada dia que passa. E, num dia qualquer, o melhor para ti irá aparecer. Até lá, não percas tempo. Afinal, o objectivo da vida é viver tudo enquanto se pode, não achas?

Então, quanto tempo mais vais deixar o Passado comandar a tua vida?

quarta-feira, novembro 05, 2014

(Não) tenho (mais) saudades tuas.



Hoje acordei sobressaltada com uma verdade intensa a sussurrar-me ao ouvido, tal qual um mosquito. Verdade essa que tanto gritava de dentro de mim: “Já não tenho (mais) saudades tuas”, apanhando-me de surpresa.

Sentir a tua falta tornou-se nos meus dias todos. Ainda mais nas minhas noites passadas em branco. E já nem sei eu desde quando. Só me lembro de ter chegado à altura em que simplesmente deixei de contá-los. Os dias sem ti. Que passaram a ser a minha mais cruel e típica realidade.

Apercebi-me, hoje, que de facto não tenho saudades tuas. Não. Não é (mais) de ti de quem sinto falta. Nem desse teu ser mais imprevisível que qualquer outra coisa. Nem desse teu ar de quem não quer saber de nada, a não ser de si mesmo. Nem dessa tua vida tão trivial, de quem só sabe desperdiçar o seu tempo. Não. Eu não sinto absolutamente falta nenhuma disso.

Ao invés, admito que sinto falta de quem tu eras. E de tudo aquilo que costumavas ser. O rapaz tão afável, que me beijava a testa, em qualquer abraço. Que sorria entre cada beijo. Que me agarrava a mão, sem que eu sequer estivesse à espera. Que me sussurrava o quanto gostava de mim, mesmo sem te perguntar. É desse que sinto mais falta, afinal. E onde está ele, agora? E onde esteve ele, ao longo de todos estes tempos, que passaram e me levaram de mim? Que tanto me fizeram perder-me em desilusões e em dúvidas? Onde esteve ele, enquanto caía? E onde estava ele, quando tive de me levantar sozinha, depois de me ter empurrado?


Costumavas dizer-me que, acima de tudo, eu seria sempre aquela. E nem dizias mais nada do que isso. Nem tinhas, porque eu percebia. E nem imaginas a falta que me faz essa pessoa. Esse “tal” e esse “mais que tudo” que representavas para mim. Nem uma resma desse alguém que me amou conseguiste guardar aí dentro. E (sinceramente) estás tão longe de ser quem foste. A cada dia que passa, mais longe te encontras. Não pareces mais tu. Nem sei eu há quanto tempo.

Não tenho saudades tuas. Como posso ter saudades de alguém que nunca conheci? E este – tu, agora – não é, de todo, o homem que adormecia ao meu lado, naquelas noites quentes de Verão. Nem aquele que me segurava, enquanto eu chorava, tentando animar-me acima de tudo. E muito menos aquele que – todos os dias – provava ser merecedor do meu tempo, da minha confiança e do meu amor louco. Agora questiono-me se ele alguma vez (sequer) existiu.


E esta verdade esmaga-me como um bicho. E esta realidade atroz vai-me afastando cada vez mais de ti. E eu não me importo (mais), porque deixaste de fazer-me falta. Porque é que hei-de agarrar-me a algo que só me puxa para baixo consigo? Não costumava(s) ser assim. O que raio te aconteceu?

Costumava ficar tão triste enquanto pensava no que tinha deixado escapar, ao te ter perdido. E, no entanto, hoje, apercebo-me que quem perdeu mais, no meio disto tudo, foste tu.

Para além de me teres perdido para sempre. Perdeste-te completamente de ti próprio.