domingo, maio 10, 2015

A Arte de Amar

Tu és como uma obra-prima. Tu, as tuas falhas, os teus sinais e todas as marcas à flor da tua pele. Todos os remoinhos do teu cabelo, que tanto te irritam. E todas as cicatrizes que escondes por debaixo das roupas, de antigas quedas. Tudo isso, que é tão teu e me é tão tudo. És como uma obra-prima, que se limássemos uma aresta que fosse, deixaria logo de o ser. Nunca permitas que alguém o faça.

Às vezes, dava por mim a observar-te com medo que me apanhasses. Sentia-me sempre tão pateta enquanto o fazia, mas não há nada como poder estar perto de ti e poder tocar-te. Sentir a suavidade da tua pele com as pontas dos meus dedos. E beijar-te os lábios e a alma, como se pudéssemos ser um só. E, agora, já nem te vejo. Já nem te sinto. E, assim, apercebo-me que estarmos próximos de alguém, nada tem a ver com a distância. Estás longe, algures, mas ainda te trago comigo, para onde quer que vá.


Por tudo o que tu és, a cicatriz que mais gosto é a que tens sobre o coração. Essa marca que te deixei bem fincada, antes de nos termos perdido um do outro. E queres saber uma coisa? Eu tenho uma igual. Às vezes, gosto de mirá-la ao espelho, enquanto me apercebo do quanto ainda me significas. Só porque alguém nos parte e se vai, não quer dizer que deixa de estar connosco. Foi uma das muitas coisas que me ensinaste. Pudesses tu me ter ensinado (também) a conseguir-te de volta.

Gostava tanto de olhar para ti. De certa maneira, fazia-me perceber quanta beleza pura existe no mundo. E que não é preciso olharmos as estrelas, a milhares de quilómetros de distância, para nos apercebermos disso. Quem diria, que também tu te tornarias numa delas. Inalcançável e sempre longe de mais. E, no entanto, sempre brilhando sobre mim, a lembrar-me o quão real tu sempre serás.


Quem diz que é preciso ver para crer, nunca amou como eu te amo. Um amor que não pede por mais nada, a não ser por ti. Que não vê troca por troca, mas sim um coração cheio. E se algum dia o mundo (ou tu) me conceder outra oportunidade, eu farei de tudo para que se torne na última.

Ou talvez esteja condenada a uma vida marcada pela tua ausência, e pela tua presença, ao mesmo tempo. Se for esse o caso, desejo-te tudo. Quero-te tudo o que mereces. Quero que ames e que sejas feliz, e que alcances todos os teus sonhos. Quem sabe, talvez um dia te apareça num, como apareces nos meus. Talvez, quem sabe, se te sonhar o suficiente, me apareças na realidade.


Tu és uma obra-prima. Uma daquelas que só nos aparecem uma vez na minha vida. E eu gosto de pensar que essa vez ainda perdura. E que, num dia qualquer, irei à tua porta e ouvir-te-ei dizer aquelas palavras com que sempre sonhei: "entra".

Comigo, guardei a tua chave. E tu? Mudaste a fechadura?
Tu sabes onde me encontrar... Não te demores. Procura-me.

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