domingo, agosto 29, 2010

by margarida rebelo pinto

carta, toranja @

O DIA EM QUE TE ESQUECI
para todas as mulheres que viveram um grande amor.
a todos os homens que o perderam.

"Vou pensando em ti e em nós cada vez menos, embora te mentisse se te dissesse que não me lembro várias vezes. As coisas mais insignificantes ainda me trazem a tua imagem. Lugares onde estivemos, frases, ideias, músicas, cheiros, pequenos nadas que me levam até à memória do que fomos, memórias nas quais me deixo ir como se num barco que perdeu os remos."

"Apesar de reconhecer a tua falta de coragem revelada em tantos avanços e recuos, respirei fundo. (...) E por isso desejei-te secretamente boa sorte nas tuas decisões, fossem ou não as mais felizes. Podias sempre voltar atrás. Afinal, é uma das tuas especialidades."

"Sim, as desilusões do coração deixaram-me (...) tolhida pelo vazio e por uma sensação de impotência avassaladora, como se a onda se tivesse virado contra mim. Há muito que ela se começara a virar, a partir do dia em que lançaste a primeira pedra para erguer um muro à tua volta, cada vez mais alto (...), motivado pelo medo absurdo que tantas vezes te domina."

"O tempo foi diluindo a tua presença na minha vida. Quem sabe um dia também dissolva a tua imagem da minha memória e eu consiga finalmente esquecer-me de ti. Não é o que quero; porém, era o que deveria fazer. Nunca somos os donos do nosso coração."

"Agora é fácil, pensei. Agora que tudo acabou, é fácil olhar para o Passado e ver nele uma história de amor bela, impossível e platónica, alimentada pela minha vontade férrea, assassinada pelo teu medo devorador."

"(...) disse-te que me apaixonei por ti no primeiro dia que te conheci. Que senti que ias ser muito importante na minha vida e que podia mudar a tua. Só acertei na primeira parte das minhas previsões. A minha intuição falhou ao medir o poder real que o meu amor em ti surtia; fugiste dele sempre a olhar para trás, sem nunca teres a certeza de que era mesmo isso que querias, e eu fui esperando (...)"

"A minha solidão era de outro tipo, mais profunda e dolorosa, aquela que sentem as almas que acreditam já terem encontrado a sua gémea e, no entanto, a vida, as circunstâncias, o destino ou a falta de vontade por parte do outro não permitem que a verdadeira união se realize. Essa era a solidão em que eu vivia desde que te conhecera."

"É preciso encontrar lugar para o amor na nossa vida, é preciso dar-lhe espaço e tempo, é preciso ser humilde e corajoso, não ter medo de (...) arriscar, mesmo sem nunca saber o que o futuro nos reserva."

"Quando amamos alguém, não perdemos só a cabeça, perdemos também o nosso coração. Ele salta para fora do peito e depois, quando volta, já não é o mesmo, é outro, com cicatrizes novas. E outras vezes não volta. Fico do outro lado da vida, na vida de quem não quis ficar ao nosso lado."

1 comentário:

  1. Que lindo *-* queria muito muito muito ler este livro da Margarida :)

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