domingo, dezembro 04, 2011

rest in peace


Penso que todos nós, a dada altura, já passámos pela morte de alguém que nos era próximo. Eu perdi o meu avô há cerca de dois anos e foi uma das alturas mais difíceis da minha vida. Porque não se tratou de uma morte súbita, mas sim lenta e dolorosa - não só para ele, como para todos nós, à sua volta. Sou a neta mais velha e era em mim que a família se apoiava - quer os mais velhos, quer os mais novos -, simplesmente porque eu era aquela que estava na posição de: não era demasiado nova para não compreender, nem demasiado próxima dele, como os seus filhos, primos e mulher, para me perder em mágoa. Ainda me lembro do meu pai e da minha avó, cada um com a cabeça deitada em cada um dos meus ombros, na sala de espera do hospital. E eu dava-lhes festinhas dóceis nas cabeças e mantinha-me em silêncio, contendo as lágrimas. Os últimos dias foram todos assim. Sem nunca chorar ou vacilar: não podia; a família estava a apoiar-se de tal modo em mim, que não me podia jamais dar ao luxo de fracassar. (…) Chegado o funeral, toda a comunidade, família e amigos reuniram-se à volta da sua campa. E nós, sendo a família Rosa, segurávamos nas mãos uma rosa branca. E, um a um, íamos enviando-as para cima do seu caixão. Foi ao deparar-me com aquela chuva de rosas brancas, sob um céu de tons cinza que ameaçava tempestade, que dei por mim a cair num choro intenso. Lembrei-me daquela tarde de Verão, quando era pequenina, em que o meu avô me levara a um campo enorme - a coisa mais linda que já vira - e mostrou-me todos os animais e todas as flores. Ele não era homem de muitas palavras, e talvez fosse por isso que todas as suas acções eram do mais puro possível. Ele foi, sem dúvida alguma, o melhor homem que alguma vez conheci e eu para sempre irei amá-lo; para sempre o guardarei bem no meu coração.

Isto tudo para vos dizer… Dêem valor. Amem com todo o vosso coração. E deixem-se de merdas fúteis e de confusões disparatadas. Todos nós somos temporários e todos queremos ser felizes. Porque raio é que haveríamos de estar a desperdiçar o tempo que temos ao lado de alguém com esse tipo de problemas, quando poderíamos estar a divertir-nos e a demonstrar o quão importante essa pessoa é? 

2 comentários:

  1. Não teria dito melhor. Sem dúvida que o que falta a muita gente é dar o devido valor ao que têm no presente, em vez de se preocuparem com "ses" que cada vez mais (e infelizmente) são colocados como prioridades...
    Texto fantástico, fez-me lembrar de quando passei por esta situação... Gostei muito.

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  2. Morrer não é difícil, o mais difícil é viver com a morte dos outros. As pessoas pensam que por eu ter conseguido não chorar no funeral do meu melhor amigo, há uns dias atrás, não sofri com a morte dele, pois essas pessoas estão enganadas porque nenhuma delas sabe como eu chorei e gritei quando me deram a noticia. E ainda choro quando penso nele. Como agora mesmo.

    Stay Stong, a morte não se vai embora das nossas vidas mas com o tempo aprendemos a aceitá-la. Obviamente já deves saber isto mas interioriza e não ignores as grandes verdades, como esta.

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