terça-feira, outubro 08, 2013

Morreste-me, à hora marcada.


O amor perde-se por uma coisa de nada... e muito dificilmente se volta a encontrar. 
E como poderíamos voltar atrás, ou repetir tudo... se já nem somos mais os mesmos?

Apercebo-me que relações de anos podem chegar ao fim numa questão de segundos: por um mero acto, por meras palavras. Como um castelo que com tanto carinho e atenção construíramos - pedra a pedra -, e que, face ao tremor de terra, rui à frente dos nossos próprios olhos, tarde demais para sequer o podermos impedir. Mal damos por isso. É tudo tão súbito, que só nos apercebemos de que o fim chegou, quando já só nos restam cacos espalhados pelo chão. (...) E não será essa a realidade mais dolorosa de todas? 

Durante tantos anos, amei-te em segredo. Amei-te sem sequer saber que te amava. Amei-te escondida por detrás de uma máscara de quem nem ama ninguém, e passado algum tempo quase que me convenci disso mesmo. (...) Mas os teus beijos puxavam-me sempre para trás e traziam-me sempre para a cruel realidade que nunca quis aceitar: eu amava-te com todos os centímetros do meu coração. E durante demasiado tempo inventei desculpas para não acreditar que tal seria suficiente.

O meu Amor por ti transformou-se numa espécie de paragem de autocarro, onde nos sentamos à espera que o que queremos apanhar chegue. E eu nem sequer me importava de esperar, por mais curto que fosse o percurso. E por mais saídas erradas que tomasse. E por mais turbulência que passasse. Valia a pena simplesmente por seres tu. Por seres a jornada que eu não me importava de repetir até ao fim dos meus dias. 

Amar-te tirou-me e deu-me tanto, que tu jamais conseguirás imaginar. Por mais que to diga. Por mais que to escreva. Mas eu nunca me importei, porque tu voltavas sempre... Era essa dor de te ver partir, misturada com a segurança de que irias vir ao meu encontro, que me fazia ficar. Sempre fora assim. O meu problema foi ter acreditado nisso mesmo: que o meu Amor por ti seria sempre o suficiente para te manter aqui. Mesmo que não te pudesse dar mais nada. (E não podia.)

Já não somos mais aquelas criancinhas de 15 anos - iludidas, ingénuas - que acreditavam ter todo o tempo do mundo; e todos os sonhos; e todas as oportunidades. Não. O tempo esgotou-se e jamais o teremos de volta. Os sonhos morreram, por nunca termos sequer lutado por eles. E as oportunidades já vão tão lá atrás, que já nem as conseguimos ver. E é assim. Foi esta a cama que fizemos os dois: aliás, duas camas separadas.

Nós os dois somos os únicos culpados da morte de um Amor que tanta estrada tinha por caminhar. E sim, eu sei que errei... Mas, então, e tu? Tu foste o que não perdoou. (...) E foi assim que nos destruímos: eu construí a bomba e tu fizeste-a detonar. 

Assim, se fez história. Tínhamos tanto Mundo na mão e, agora, nem a mão um do outro podemos agarrar. Deixámo-nos partir e eu sei que, desta vez, não será para voltar. Cansei-me das voltas e contravoltas; das nossas recaídas bruscas e incontroláveis; dos encontros em segredo com sabor a crime e de todas as coisas que passaram a representar-nos. Éramos mais do que isto, lembras-te? Ou talvez nem éramos tanto assim.

Talvez foi isso mesmo que nos condenou, desde o princípio. Pensarmos que éramos mil exércitos em sintonia, quando mais parecíamos duas frentes de batalha em luta uma contra a outra. 

Mas já nem vale a pena pensar mais nisto. Foi este o Destino que ambos escrevemos... e já está na hora de pararmos de tentar culpar tudo o resto à nossa volta. 



Desejo-te toda a felicidade, (mesmo que sem mim). 
Daniela Rosa


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