segunda-feira, março 16, 2015

E se eu te tivesse dito tudo?


E se eu te tivesse dito, antes de partires, o quanto queria que ficasses? E o quão raríssimo é encontrar alguém – assim – como tu és? Alguém capaz de transmitir tanta coisa por pequenos gestos. Alguém capaz de me olhar para além daquilo que mostro ao mundo. Alguém capaz de me entender sem que eu diga uma única palavra. E se eu te tivesse dito, depois de partires, o quanto ainda te desejava de volta? O quão doloroso foi ter de sentir todo este vazio que deixaste em mim? E o quão terrível foi ter de lidar com todo o silêncio que me rodeava?

E se eu te dissesse – hoje -, que ainda não fui capaz de encontrar mais ninguém que me fizesse sentir sequer metade do que senti ao teu lado? Aquela sensação de estar a perder a fôlego, quando te via chegar. Aquela aceleração dos batimentos cardíacos, de cada vez que os nossos olhares tropeçavam um no outro. Aquele desejo incontrolável de querer prolongar cada momento nosso até à eternidade, como se nenhum tempo fosse demasiado para estarmos juntos. E se eu te dissesse – mesmo agora -, que não sou capaz de acreditar num amor que não seja contigo?


Por mais que o neguemos, nós deixamos sempre tanto por dizer. Tantas perguntas por serem respondidas. E – depois de tudo – são essas mesmas palavras que nos arrancam do sono à noite. São essas as suposições – esses “e se...”s – que nos impedem de simplesmente seguir sempre. E eu deveria ter-te dito tudo. Mas tive medo; muito medo mesmo. Que nada do que eu pudesse dizer-te fosse capaz de mudar o que quer que fosse.

Nada é para sempre. Costumavas dizer-mo tantas vezes. E, no entanto, algo em mim tem-se revelado eterno: a falta que sinto de ti. Não são só saudades, percebes? É falta mesmo. É esta ausência atroz que ainda pulsa dentro de mim, aonde outrora tu encaixavas tão bem. E eu deveria ter-to dito antes. Deveria ter engolido o medo e o orgulho, e deveria ter-te agarrado bem junto a mim. O erro é sempre o mesmo, não é verdade? Lutamos tanto por alguém e, quando finalmente o alcançamos, esquecemos de continuar a força para o manter.


E se eu te confessasse que estas palavras são todas para ti? E que ainda ouço as músicas antigas que costumavam embalar a nossa história a dois? E que ainda sinto o meu coração em dança, de cada vez que te vejo a vir ao meu encontro? E que toda esta falta e vazio que me preenchem, só chamam pelo teu nome e por mais nenhum?

Mas tenho demasiado medo; muito mesmo. Perdoa-me, mas hoje não consigo dizer-te nenhuma destas coisas. Sei que ando a adiá-lo, e que – provavelmente – já é tarde demais. Mas eu, por um lado, ainda acredito. Ainda acredito que o amor não é feito de tempo e que não precisa de esperas. E que quando algo vale a pena, até as tempestades são a favor. Até os erros são certos. Até os passos em falso não se enganam. E que quando tudo vira do avesso, esse amor encontrará sempre o seu jeito de achar o lado certo.

Por agora, só te digo isto: o que vale a pena, leva o seu tempo. E por tudo aquilo que valemos, talvez ainda nos aguarde uma eternidade... E eu não me importo de passá-la perdida, desde que os meus caminhos continuem a cruzar-me contigo.

Até ao nosso próximo (des)encontro...

Sem comentários:

Enviar um comentário