segunda-feira, março 16, 2015

Não corras atrás...


Eu conheço bem essa sensação. Das saudades a tomarem conta do nosso corpo por completo. O vacilar dos joelhos e das mãos, a confundirem cada um dos nossos passos. E o intenso tremer dum coração que mais parece estar à beira do colapso... e talvez esteja.

E eu sei que o que te passa pela cabeça. Essa vontade tremenda de agarrar o telemóvel e simplesmente ligar-lhe. Esse anseio temível de ir ao seu encontro o mais depressa possível. E tu nem sabes o que hás-de lhe dizer, não é verdade? E, ao mesmo tempo, tens tanto para soltar.

Mas tu não queres dar a parte fraca. E, neste momento, o teu corpo debate-se contra si mesmo, numa luta interna pelo teu próprio orgulho. Cada um dos teus átomos chama pelo seu nome: dessa pessoa que tanto queres de volta. Talvez nem o admitas, mas tu sabes: só querias poder voltar atrás e começar tudo de novo. Impedir os erros e antecipar todos os passos em falso. Mas tu sabes que não podes, e que não é assim que as coisas funcionam. O facto de tudo ter terminado, teve as suas razões, não foi assim? E há quem te diga que foi o melhor... Mas não sabe a isso, pois não? É quase uma tortura. Pudesses tu mudar toda essa realidade... que mais parece um pesadelo. 


E é tão difícil. Impedir-nos a nós mesmos. Privarmo-nos daquilo por que tanto lutámos outrora. Quando, agora, a única saída com que nos deixaram foi a de desistir. Desistirmos de tudo aquilo que era tão nosso e tão tudo. Desistirmos daquela pessoa que já nos foi tão nossa. E que sentido é que isto faz? O que havemos de fazer com todo este amor, que já nem nos serve de nada, senão para nos sufocar por dentro?

E tu dizes de ti para ti: chega! Vou telefonar. Vou ir ao seu encontro. Vou levar comigo todas as palavras que tanto me fervilham debaixo da língua, e vou libertá-las de vez. Vou dizer-lhe tudo aquilo que tenho cá dentro, e tudo passará finalmente. Mas tu sabes. Tu sabes que nada do que possa ser dito, alguma vez mudará tudo aquilo que foi feito. E aí, tu gritas para dentro de ti. Que raiva. Que frustração. E o que é que nos resta fazer, afinal?


Correr atrás, agora, não é mais uma opção. Há sempre um tempo em que o podemos fazer. E esse momento já passou... Geralmente, nunca nos apercebemos disso mesmo. Enchemo-nos de orgulhos e de dúvidas e de medos, e deixamo-nos estar. Quando queremos recuar, já é tarde e já ninguém está sequer à nossa espera. Foi isso que aconteceu, não é verdade?

E aí, tu apercebes-te: que de nada te vale correr atrás de alguém, que por ti nem esperou mais um segundo que fosse.

Tu és alguém que vale a pena. Porquê correr atrás de uma pessoa que nem uma pena te vale?

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