quarta-feira, maio 25, 2016

MAIS DA MESMA MERDA


A noite está fria, eu estou esgotada e o ar que circula sussurra-me o teu nome, por entre os prédios que vêem as suas cores desmaiadas por entre a escuridão. Escuridão, essa, que me cerca. E tu estás nem sei eu onde… Onde é que tu estás? Onde é que tu foste? E que raio fiz eu agora, para que te afastasses de mim? Serei assim tão fácil de perder?

São tantas as perguntas que me rebentam na cabeça. Mas eu não digo nada. Não digo nada, por medo. Medo das verdades que me morrem nos lábios, antes da minha boca tentar sequer falar. Um nó enlaça-se na minha garganta, as lágrimas espreitam-me no olhar e tu não as vês. Porque tu foste não sei eu para onde… E porquê? Tu prometeste. Tu prometeste que não irias fugir, como todos aqueles que te antecederam. Julguei-te diferente… agora, já nem sei de nada.

E que mundo é este, que só nos deixa aterrorizados; que só sabe impedir-nos de gritar a plenos pulmões, aquilo que sentimos no nosso coração? E eu sinto tanto. E eu amo tanto. E eu temo tanto, mas não consigo deixar de sentir todas estas coisas. Toda esta raiva, por me teres deixado desamparada. Toda esta mágoa, por me teres feito sentir tão especial e tão insignificante, logo em seguida. E todo este carinho, que me impede de odiar-te; de me zangar contigo.


A noite está fria e eu estou cansada. Cansada de viver uma vida com medo de sentir. E mais que isso: com medo de dizer o que sinto. Com medo de abrir o meu peito esventrado, para libertar-me finalmente de todas as suas correntes. Mas não consigo. Não consigo dizer-te o que quer que seja, porque tu não me queres ouvir. E se o quiseres, então não o demonstras. E eu estou cansada, tão mas tão cansada de que não me ouças.

Estavas à espera do quê mesmo? Que todas as tuas acções passassem por mim como se não fossem nada? E que toda essa tua cantiga do “estou aqui para te provar que o amor não é nenhuma sentença que nos deixa condenados” me deixasse incólume? Porra, diz-me, o que te custa seres sincero comigo? O que te custa mandares-me embora? Tu não estás a fazer nada, a não ser fugir! A não ser deixares-me derradeiramente condenada a este limbo de dúvidas e de silêncio. E o que é que eu te fiz para merecer isto?! Fui-te verdadeira. Fui-te amiga. Fui-te tudo aquilo que consigo ser… E tu? Tu fugiste, e eu já nem sei de nada de ti.

É fodido, não é? Quando nos abrimos; quando nos mostramos vulneráveis por gostarmos tanto, na esperança de sermos correspondidos. Para, depois, darmos por nós sozinhos, numa cama vazia, ainda a cheirar à outra pessoa. Ainda com as músicas que essa nos dedicou a ecoar-nos nos ouvidos. E todas as palavras, também, que agora só soam a mentiras de merda.


Eu gosto tanto de ti, mas não estou a gostar nada deste teu lado que me demonstras. Que te afasta, sem sequer dares uma justificação. Que te enclausura dentro de ti mesmo, sem te preocupares sequer com o facto de uma parte de mim já ser tua por direito. Que te torna num, como muitos outros que por mim passaram. E isto é tão fodido para mim, porque eu gosto de ti.

Eu gosto de ti, mas não posso continuar a fazê-lo. Se houve coisa que aprendi com as minhas desilusões, foi a nunca mais me subjugar a alguém que simplesmente não faz por me merecer. E se tu me mereceste, outrora, hoje perdeste esse direito.

Eu sou forte, tu sabes. Já me desliguei de tanta gente, por ser o melhor para mim. É fodido, porque eu comecei mesmo a acreditar que tu jamais irias pertencer a esse grupo. E, agora, aqui estás tu: um, como muitos outros.

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