quarta-feira, junho 15, 2016

BORA SALVAR O MUNDO?!


Hoje, estou tão triste. Não porque discuti com uma amiga, não porque um tal rapaz me quebrou o coração, não por temer pela incerteza do meu futuro. Não, nada disso. Hoje, eu estou tão, mas tão triste por viver neste mundo tão, mas tão doente. Atrevo-me a dizer até à beira do colapso.

Sempre tomei tantas coisas como garantias natas: o conforto, a liberdade e a segurança. Pois assim me educaram, afinal de contas - e ainda bem. Não há mal nenhum nisso, se formos a ver. Nasci no seio de uma família que me amava, vivi rodeada de pessoas amigas e sempre tive todas as condições para poder levar uma vida confortavelmente feliz. Sei que não sou a única, obviamente. E lá está: não há mal nenhum nisso. Porque foi assim que os nossos pais nos apresentaram ao mundo, e tanto se esforçaram para que tivéssemos mais do que eles tiveram.

No entanto, toda essa ‘bolha’ que nos rodeia acaba por, iminentemente, rebentar. Somos como que atirados de para-quedas para a realidade bruta e insana que nos envolve a nós, seres humanos. Com isto quero dizer, que começamos a ter noções que nem sempre tivemos. Começamos a preocupar-nos - pelo menos alguns de nós - com o aquecimento global, com a guerra, com o preconceito, com a crise, a violência, entre outras doenças da nossa sociedade.


Desde o menino rico ao pobre, às maiores grandes potências e países do Terceiro Mundo, todos sofremos dos mesmos males, em conjunto. E eu acho que é disso que nos continuamos a (querer) esquecer. Olhamos de soslaio para a guerra que eclode num país qualquer longínquo, até a ameaça começar a bater à nossa porta. Ignoramos matérias como o ambiente, porque as coisas nem estão assim tão más; mas depois ressentimo-nos com as alterações climáticas, que não nos deixam ir para a praia. Entre outras coisas que teimamos em pôr de lado.

Às vezes, nem sei o que me assusta mais. Se o ódio puro que tantas pessoas carregam dentro delas, se a indiferença generalizada que prevalece entre nós. Insistimos em não querer ver para além do quadro pequeno, que é a nossa vida. Vivemos sobre este prisma tão redutor “ao menos não se passou comigo” e deixamo-nos estar. Um atentado ocorre num lado, viramo-nos para o outro. Viramos todos moralistas nas redes sociais, mas nem mexemos um dedo para mudar o que quer que seja. E porquê? Quiçá, porque, desde cedo, nos ensinaram que pouco ou nada podemos mudar. E que quem manda serão sempre os ‘outros’. Mas, afinal, quem são os ‘outros’?

Os ‘outros’ não existem. Porque nós somos todos um. Não somos diferentes raças, ou orientações sexuais, ou classes separadas numa sociedade. Nós somos O ser humano. A espécie que teve o derradeiro prazer de ter um planeta nas suas mãos, em conjunto com uma flora e fauna incontáveis, que insistimos em executar - ou pior, assistimos a isso sem fazer nada.


Hoje, estou tão, mas tão triste. Por viver num mundo onde pessoas preferem ver homens com armas na mão do que homens de mãos dadas. Um mundo que não aceita estrangeiros sem um lar, por acharem que já temos problemas que chegue - como se eles nem fossem seres como nós. Um mundo que legaliza porte de armas, mas que faz um filme no que toca à adopção de dois pais ou duas mães. Um mundo que proclama touradas e circos como grandes espectáculos, mas que adora ter gatos e cães no alpendre. Um mundo doente, é esse em que vivemos.

Se cada um de nós fosse a mudança que quereria ver no mundo, tudo seria tão diferente. Se amássemos e deixássemos os outros amar livremente, quer seja um homem, ou uma mulher, ou um Deus, nenhuma guerra levaria a sua avante. Se as armas fossem banidas de todas as mãos erradas, se as fronteiras fossem todas abertas, se o dinheiro que existe fosse repartido da forma mais justa possível… que mundo seria esse. Utópico, talvez. Mas será realmente impossível?

“Não há nada mais trágico neste mundo do que saber o que é certo e não fazê-lo. Que tal mudarmos o mundo começando por nós mesmos?”, Martin Luther King.

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