sexta-feira, junho 10, 2016

QUEM MAIS JURA, MAIS MENTE


Eu juro que estou a tentar perceber-te. Eu estou a tentar, mas não consigo, pois não faz sentido algum. Qual era, afinal, a tua ideia? Era pagares-me uma viagem a dois pelo mundo fora, e deixares-me a meio caminho, sem te justificares? Eu deveria ter sabido melhor. Nem tive direito a um bilhete de regresso. E, agora, aqui estou eu - algures. E tu? Disso sei menos ainda.

Eu juro que estou a tentar não chorar por ti. Eu estou a tentar, e isto é tão vergonhoso, mas não consigo, pois tudo me dói. Como e porque é que isto me está a acontecer?! Diz-me: o que é que eu fiz para merecer tamanho tratamento tortuoso? Será que foi por estar sempre presente, quando precisavas de mim? Ou será que foi por ter-te atribuído uma importância demasiado grande para o teu corpo a suportar? Diz-me, por favor, que eu já só quero parar de chorar.

E eu juro que estou a tentar esquecer tudo isto e seguir em frente. Eu estou a tentar, mas é tão difícil, porque tu és aonde eu quero estar, pois eu nunca pensei que fosse possível ser tão feliz ao lado de alguém, como fui contigo. Sempre te disse que a nossa amizade era a coisa mais rara do meu mundo, e agora já só consigo pensar que os amigos podem partir o teu coração, também. E tu estás a quebrar-me de tal maneira, que já só penso nisso, e até me esqueço do quanto deveria estar a esquecer-te.


E eu juro que estou a tentar perdoar-te por me teres deixado aqui, no meio do nada. Eu estou a tentar, mas não consigo, porque eu estou tão perdida sem ti. E eu quase que te odeio por isso, porque tu mostraste-me lugares que eu nunca pensara que existiam, e levaste-me a conhecer lados meus que só se abriam para ti. Para, depois, me deixares em lado nenhum; em lugar algum. E eu estou tão perdida sem ti, porque tu nem te deste ao trabalho de me apontares o caminho de volta.

E eu juro-te que estou a tentar reencontrar o meu caminho sozinha. Eu estou a tentar, mas parece impossível, porque todas estas estradas insistem em levar-me a becos sem saída. E, tingidas nas paredes, estão as palavras que tu me dizias. “És tão especial, és tão importante, não me imagino sem ti”. Leio-as a todas como quem recita poetas mortos, e já só consigo cair rumo ao fundo. E quem disse que não há fundo mais fundo que o de um poço, então é porque nunca se afogou completamente dentro do abismo do seu próprio coração.


Agora que penso nisso, eu não quero jurar-te nenhuma destas coisas. Nunca fui pessoa de juras de amor, pois essas acabam sempre, sempre assim. Em bilhetes de avião guardados ao fundo de uma gaveta; em lágrimas que se choram sozinhas; em dores que te obrigam a esquecer, que te impedem de esquecer, por mais que saibas que é o melhor para ti; e em caminhos que não nos levam a nenhum lado, por sentires que não pertences mais a sítio nenhum.

Soubesses tu o quanto tudo me dói, desde que te sumiste, sei lá eu para onde. Por um lado, ainda bem que não sabes das minhas dores, porque eu jamais quereria que sofresses por minha causa. Engraçado, não é verdade? São as pessoas de que mais gostamos, as que mais nos magoam. E, mesmo assim, continuamos a gostar delas acima de nós próprios. Se bem que, agora que penso no assunto, isto não tem piada nenhuma.

(E eu deveria ter sabido melhor. Que as juras eternas são a maior piada que existe.)

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