sábado, outubro 12, 2013

Porra, eu preciso de saber!


Nunca pensei que fosse voltar a ter uma recaída por ti. Mas acho que isso faz parte das 'recaídas de amor': acontecem quando menos esperamos; quando já pensávamos que estávamos realmente bem e já a seguir em frente. Como naqueles pesadelos em que nem sabemos bem se estamos a dormir, ou acordados, mas sentimo-nos a cair a pique. Acordamos, sobressaltados, na cama, com o coração aos saltos, como se fosse saltar fora do peito.

Eram três da manhã de sexta-feira, quando isso me aconteceu. Acordei, ofegante, e a suar compulsivamente. Levantei-me e fui buscar um copo de água. E depois, aí, lembrei-me de ti. E de todas as vezes que me fazias companhia nas minhas insónias, apesar de mal conseguires manter os olhos abertos. Ao dar por mim, estou a chorar, ajoelhada, no chão da cozinha, e a levar as mãos à cara: porque é que isto tinha de estar a acontecer?!

Queria ligar-te. Oh, como queria! Precisava de saber o que estavas a fazer, apesar de ser madrugada, e o mais certo seria estares a dormir. Mas e se não estivesses sozinho? Eu precisava de saber! E se, naquele mesmo momento, estivesses nos braços de outra, a afagar-lhe os cabelos com ela encostada ao teu peito, esse lugar que sempre fora meu? E se lhe estivesses a beijar a testa, como me fazias? Porra, só queria ligar-te e perguntar-te se já me havias substituído. "Substituído", como?, quando fui eu que te fiz ir embora? 

Liguei-te. E tu não atendeste. Chorei mais 10 minutos. Voltei a ligar-te. E, aí, atendeste, num sussurro, de quem acabara de acordar: "Porque raio me estás a ligar a esta hora?", perguntaste, com a tua voz tão típica de sono, que já tão bem conheço. "Estás sozinho?", perguntei, de volta. "Claro que estou, foda-se, já viste as horas?", respondeste, já a levantar o tom. "Não", apressei-me a dizer, a tentar disfarçar o choro e os nervos, "Quero saber se tens alguém na tua vida...". "Porque merda é que tu queres saber disso, a estas horas, Daniela?". "Porque preciso de saber", disse-te, e, oh, como me arrependi imediatamente. 

"Sim, tenho.", e o meu Mundo estremeceu. "E tu devias ir dormir", acrescentaste num bocejo. Afastei o telemóvel da boca e guinchei em silêncio, enquanto me perdia num pranto. É incrível, não é? Queremos tanto saber a verdade, mas nem sequer estamos prontos para recebê-la. "Daniela?", perguntaste-me. "Sim", disse-te, de seguida. "Estou bem", menti, "Só precisava de saber..."

"Vai ficar tudo bem", e desligaste. 

Voltei a deitar-me, com a certeza de que amanhã acordaria para um dia melhor. Eu apenas precisava de saber e agora sabia-o. Faz parte das recaídas: caímos, de novo, para nos levantarmos outra vez. E era apenas isso que eu podia fazer. Adormeci, nessa noite, abraçada a uma almofada e a imaginar que eras tu. E, nesse momento, jurei a mim mesma: que ia ficar bem. Por mim e apenas para mim. 

E que jamais iria ligar-te, na próxima recaída.

1 comentário:

  1. Sei bem o que é passar por isso, e é tão horrível...
    Look at the bright side, tens uma escrita lindíssima !

    beijinhos*
    http://dreamsow.blogspot.com

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